sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sinto como Clarice


Assim como Clarice, para você não interessa o que penso. Para mim, você não teria competência para compreender tudo o que penso. Com você, contento-me com o sentimento de dizer o que penso e com a aflição de pensar no que dizer.

Assim como Clarice, tenho preguiça de quem não comete erros. Dos que se julgam parte intocável de um discurso. Dos providos da mesmice. Dos que não sentem dor, angústia, indignação. Dos sem coração.


Assim como Clarice, tenho defeitos. Sou volúvel. Embebedo-me de atitudes Contestáveis. Sou viciada em gente, sou viciada nos prazeres da vida e, ao mesmo tempo e com o mesmo desejo, adoro o tempo de ficar só. O meu melhor prazer é sentir... sentir... sentir... e eu sinto!


Assim como Clarice, às vezes, não sinto a razão. Às vezes não sinto você. À vezes a sua liberdade oculta o meu sentir. Necessito do verbo. Sinto por escrever, sinto por pensar, sinto por saudade, sinto por amor, sinto por ódio, sinto por desejo, sinto por medo ou apenas pela vontade de sentir.


Vivo pra sentir. Sinto para viver. Sou assim. E, sentirei sempre e falarei sempre tudo o que sinto. Não! Não escrevo para os outros. Escrevo pra mim mesma a intensidade do meu sentir e tudo mais o que possa existir. Escrevo agora o que estou sentindo. E, convido a quem quiser sentir para sentir-me, assim como Clarice.

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